terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu sou história...

Eu sou história.
Ou melhor dizendo, fui parte dela.
Bom, vc deve estar se perguntando, de que catzo ele está falando?
Será que ele lutou na Guerra do Paraguai?
Participou do movimento das Diretas Já?
Ajudou a criar a Microsoft ou a sopa milagrosa da Luciana Gimenez?
Bem, não é esse contexto histórico de que estou falando.
Uma coisa que sempre recordo da minha infância, (isso faz pouco tempo gente!) era como eu curtia ouvir as estorias dos adultos.
Ficava sentado por horas escutando meu pai, meu avô, minha tia, contando como as coisas no tempo deles eram melhores.(Desculpa pai, mas como vocês viviam sem microondas?).
Eu fui crescendo e com o passar do tempo, acabei vendo que eles tinham mesmo razão.
Tudo era mesmo bem melhor comparado com a minha época.
De repente lá estava eu, apaixonado por Beatles e Roberto Carlos, assistindo Cidadão Kane e os filmes do Hitchcock.
Cortava meu cabelo igual ao Mick Jagger nos anos 60 e ouvia Cartola aos Domingos, pensando como seria maravilhoso ter vivido essa época de efervescência cultural, de sexo livre, de transformações sociais importantes.
Mas não, lá estava eu, um prisioneiro dos anos 80, me sentindo o "Marty McFly" no meu pequeno mundo.
Mas, como dizia o poeta, o tempo não pára e com ele fui descobrindo o que precisava para formar a minha identidade.
E fui procurar por aí....
Conheci o punk rock e vi bandas como Ratos do Porão, Cólera e Garotos Podres ao vivo no extinto Programa Boca Livre.
Cara, assisti Ramones ao vivo no Olympia!
Adentrei as trevas do mundo gótico e conheci o Espaço Retrô.
Ficava num charmoso casarão antigo no bairro da Santa Cecília e lá presenciei shows antológicos de várias bandas alternativas, tais como Vzyadoq Moe, Maria Angélica Não Mora Mais Aqui, Símbolo, Santos Pecadores, Pravda e outras.
Neste mesmo lugar acendeu o "start" da minha transição musical.
Na Inglaterra um movimento inspirado nas bandas sixties, na "dance music" dos clubes de Manchester e na sonoridade avant-garde de Jesus and Mary Chain e My Bloody Valentine, tomava de assalto a cena independente.Nascia o movimento indie.
São dessa época, casas noturnas que fizeram a história da cena alternativa em SP, como o Der Tempel, o Urbania, Armageddon, Hoellisch, o novo Espaço Retrô, o Front 575 no ABC (depois se tornaria o extinto Aeroporto), só para citar algumas.
Era uma época sem MTV, mas de programas legais como o Som Pop, com Kid Vinyl.
Colecionava a revista Bizz e frequentava a Galeria do Rock onde procurava por camisetas de minhas bandas favoritas.
Mandava gravar as novidades de fora do Brasil na loja da "Velvet" e na "London Calling", comprava meus lps raros na "Baratos Afins" e na "Devil Discos", e gravava em fitas cassetes os programas"Garagem" na GazetaFM, apresentado pelos jornalistas André Barcinski e André Forastieri, "Rock Report"na 89FM, com o reverendo Fabio Massari e "Studio Tan"na Brasil 2000, com o já citado, Kid Vinil.
E foi numa pequena cidade americana chamada Seattle que surgiu a banda que abalaria a indústria fonográfica, alcançando o topo da paradas mundiais com seu som pesado, sua postura auto-destrutiva, e um vocalista que se tornaria um ícone de uma geração: Kurt Cobain. A banda? Nirvana.
Eram dias regados a Red Hot Chili Peppers (Blood Sugar Sexy Magik), Pearl Jam (Ten), Alice in Chains (Dirt), Mudhoney (Every Good Boy Deserves Fudge), Sonic Youth (Goo) e muita coisa boa.
Teve o Hollywood Rock, com Nirvana, L7, Alice in Chains, RedHotChiliPeppers;
passamos frio em Campinas em um festival chamado "Junta Tribo", onde toda uma geração de bandas nacionais se consagraram e ficaram marcadas na memória de todos os presentes.
Assisti a shows maravilhosos de Björk, 808State, Oasis, Blur, Supergrass, Smashing Pumpkins,The Cure, ufa!!
Resumindo:
Hoje aqui escrevendo e me lembrando disso tudo, sei que de alguma forma minha presença em cada lugar que passei, cada show, cada balada, cada ponto no ibope, cada vinil que comprei, cada pessoa que conheci por aí, cada minuto que passei escutando uma música, cada resenha que li, enfim, construíram minha vida, meu passado.
E hoje me orgulho de ter vivido tudo isso.
Dedico este texto a todos meus amigos que viveram isso comigo.
E a outros que não deu tempo de conhecer.
Nós somos a história.
Meu pai, meu avô, minha tia, minha mãe, vocês tinham razão.
E amanhã, quando meus filhos perguntarem, vou contar para eles como foram bons
aqueles tempos que vivemos.

Jim Steranko, um ícone dos Quadrinhos.

De acordo com sua biografia autorizada, os avós de Jim Steranko emigraram da Ucrânia e se estabeleceram na Pensilvânia. O pai de Steranko co...